Em cerimónia solene, o Auditório do Casino Estoril acolheu a entrega dos Prémios Literários Fernando Namora e Revelação Agustina Bessa-Luís, referentes a 2015, respectivamente, a Teolinda Gersão e a Ricardo Fonseca Mota pelos seus romances “Passagens” e “Fredo”. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, presidiu a este importante evento, que contou com a presença de Margarida e Sofia Namora, filhas de Fernando Namora.
“Tenho bem presente o papel preponderante da Estoril Sol, pela mão de Mário Assis Ferreira, na promoção da Cultura portuguesa”, disse o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no início da sua intervenção na cerimónia de entrega dos Prémios Literários Fernando Namora e Revelação Agustina Bessa-Luís.
Considerando os membros do júri como “altamente qualificados”, o Presidente da República felicitou os vencedores dos Prémios Literários da Estoril Sol. “Dou os parabéns a Ricardo Fonseca Mota, saudando a sua vocação narrativa, o seu gosto pelas histórias e memórias. Marcelo Rebelo de Sousa evidenciou o facto de Teolinda Gersão vencer, pela segunda vez, o Prémio Fernando Namora. “Esta obra visita passagens das vidas das personagens. Sofrimento, ressentimento, amargura, mas também escolhas e momentos de felicidade. Passagens que não são pessoais, mas colectivas ou pelo menos relacionais”.
No enquadramento das obras vencedoras, Guilherme d’Oliveira Martins, Presidente do Júri, referiu que a obra “Fredo”, de Ricardo Fonseca Mota, “é um romance prometedor narrado na primeira pessoa, numa linguagem sóbria assente num registo pessoal, quase confessional”. Em relação à escritora Teolinda Gersão, sublinhou que “é um valor seguro da literatura portuguesa que obtém o Prémio Fernando Namora pela segunda vez - a primeira foi em 2001 com o romance “Teclados” - o que constitui sinal de inequívoca exigência e de um especial talento narrativo”.
Guilherme d’Oliveira Martins recordou, ainda, João Lobo Antunes. “Devo referir, com especial emoção, a memória de João Lobo Antunes que, ainda, começou connosco esta caminhada – uma vez que pediu dispensa de continuar no nosso júri por motivos de saúde. Não esquecemos, pois, a grande riqueza humana e cultural que partilhou enquanto esteve connosco”.
Após o momento solene da entrega dos Prémios aos dois vencedores pela Presidente da Assembleia da República, foi Teolinda Gersão quem, primeiro, usou da palavra: “Sinto-me muito honrada em receber o Prémio Fernando Namora, pois é um reconhecimento do meu trabalho”.
“Passagens” é a história de uma família. Distingue-se por um núcleo central de pequenas vidas de várias personagens que se interligam, ganhando uma dimensão colectiva”.
Por seu lado, Ricardo Fonseca Mota, explicou que, “Fredo” “é um elogio a cada um de nós. Somos todos um território de histórias, segredos e significados. É um romance que celebra esta arqueologia pessoal. É um romance de heróis por cantar. Alguns, quase todos, são pura ficção”.
Ricardo Fonseca Mota sublinhou, ainda: “O dia de hoje é sobretudo para homenagear. Adorada mestre Agustina que te sacrificaste, vertendo-te completa para dentro de uma obra magistral. O mistério trouxe a missiva da ausência, deixando-nos a todos a oportunidade de ensaiar o impossível Adeus. O mistério consegue apagar a sua voz dentro de si, mas não conseguirá nunca eliminá-la nem disfarçá-la dentro de nós.
Perante esta ilustre plateia de testemunhas, eu juro solenemente, cumprir o compromisso de elevar o seu nome, que o mistério decidiu colocar legendando o meu”.
Na abertura da cerimónia, o Presidente da Estoril-Sol, Mário Assis Ferreira, recordou: “No histórico dos Prémios Literários da Estoril Sol raros são os escritores que repetiram o seu estatuto de vencedores. Teolinda Gersão é uma dessas excepções ao ser escolhida novamente, por unanimidade do Júri, como vencedora do Prémio Fernando Namora, relativo a 2015. Esta cerimónia solene assinala, também, o regresso do Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís, não atribuído em 2014 por decisão do Júri, mas que recompensou, em 2015, o jovem escritor Ricardo Mota, cujo romance passou no apertado crivo a que todos os originais foram sujeitos, confirmando o elevado grau de exigência do Júri”.
“Eis, pois, dois vencedores sentados a esta mesa: uma escritora veterana titular de um lugar inquestionável na vida literária portuguesa, e um escritor-revelação que promete ir longe nos horizontes da literatura. Razão de sobra para a Estoril Sol se congratular com a instituição destes Prémios Literários, ao sabêlos tão bem entregues”.
“A aposta na Cultura, nas Artes e no Espectáculo, em todas as suas vertentes, continua a ser um objectivo estruturante da Estoril Sol, um conceito original de que nos orgulhamos e que fez a diferença, comparativamente com aquilo que era a prática seguida no passado, em que os casinos portugueses não passavam de meras “salas de jogos com serviços anexos”. Apesar dos efeitos da crise − que foram devastadores para o nosso sector, afectando seriamente as receitas −, não desistimos de manter, até ao limite do possível, os Prémios Literários instituídos pela Estoril Sol, tal como não abdicámos de oferecer, aos nossos visitantes, uma Galeria de Arte com um espaço generoso, por onde têm passado os trabalhos dos mais importantes nomes das nossas Artes Plásticas”, concluiu.
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