Até 15 de setembro, a última edição do Próximo Futuro (que termina ao fim de sete anos de atividade) despede-se com um concerto da Orquestra de Câmara Portuguesa e com teatro independente da Argentina, teatro de marionetas do Chile e uma produção da Grécia que agitou a crítica no Festival de Avignon. Para assinalar os 40 anos da independência de Angola, estará em cena o espetáculo “Vou Lá Visitar Pastores”, a partir da obra de Ruy Duarte de Carvalho, com encenação e interpretação de Manuel Wiborg. De 4 a 15 de setembro, o Jardim Gulbenkian também estará animado com a projeção de filmes, música e conversas na ‘Casa-Arquivo’.
Dias 4 e 5 de setembro, o concerto OCP: ESPÍRITO RADICAL! é apresentado Grande Auditório Gulbenkian, onde Pedro Carneiro se faz acompanhar de 13 músicos da Orquestra de Câmara Portuguesa (OCP) para interpretar peças de Iannis Xenakis (Okho) e de Louis Andriessen (Workers Union), dois criadores “subversivos e provocadores”. O público irá partilhar o palco com a OCP e será convidado a participar no concerto através da leitura de textos selecionados de Amílcar Cabral e Frantz Fanon.
Dias 5, 6 e 7 de setembro, estreia a primeira de cinco peças que compõem a programação de teatro desta edição: El Loco y La Camisa. Na Sala Vermelha do Teatro Aberto, que se associa ao Próximo Futuro, vão cruzar-se a loucura, a convivência familiar, a revelação da verdade e a violência doméstica, numa encenação da companhia de teatro independente Banfield Teatro Ensamble que arrebatou o público argentino, tendo cumprido cinco temporadas ininterruptas em Buenos Aires.
Dias 6, 7 e 8 de setembro, no Anfiteatro ao ar livre da Fundação, apresenta-seVou Lá Visitar Pastores, uma encenação de Manuel Wiborg a partir da obra do escritor, antropólogo, poeta e cineasta angolano Ruy Duarte Carvalho, falecido em 2010. Passados 40 anos sobre a independência de Angola, revisitamos o espetáculo encomendado pela Culturgest em 2003, baseado no livro “Vou Lá Visitar Pastores”, um vasto fresco sobre os Kuvale, sociedade pastoril do Sudoeste de Angola. Para além de um conjunto de desenhos, fotografias e gravações vídeo captadas por Ruy Duarte de Carvalho em território Kuvale, nestas três apresentações são incorporados novos elementos, nomeadamente excertos de mensagens pessoais que o escritor enviou à sua mulher a partir de Swakopmund, na Namíbia, nos seus últimos dias de vida. É um teatro documental onde o texto, a fala e os documentos visuais se combinam num espetáculo de uma enorme beleza, sobre uma região e uma população no mais profundo da terra africana.
De 9 a 13 de setembro, a companhia Silencio Blanco (Chile), que trabalha com marionetas feitas de papel e em silêncio para fazer espetáculos intimistas, conta-nos uma história sobre o quotidiano de um jovem mineiro que se vê obrigado a trabalhar numa perigosa mina. O espetáculo Chiflón, El Silencio del Carbón faz uma releitura do conto “El Chiflón del Diablo” de Baldomero Lillo, eminente autor chileno, para evocar uma realidade esquecida pela História, ou talvez enterrada nas profundezas das minas de carvão imersas num verdadeiro silêncio negro, por meio dos movimentos das marionetas, dos seus gestos e de universos sonoros, sem recorrer às palavras.
Pela primeira vez em Portugal, esta companhia chilena traz ainda na bagagem De Papel (12 e 13 de setembro), um espetáculo dirigido aos mais novos em que uma marioneta de papel se relaciona com os seus manipuladores e com o público, convivendo e dialogando com a sua inocência mais profunda – a que vem da infância.
A 14 e 15 de setembro, o jovem encenador grego Dimitris Karantzas (28 anos) traz ao Grande Auditório Gulbenkian a sua encenação da obra A Circularidade do Quadrado, em que onze personagens de diferentes géneros, gerações e preferências sexuais partilham uma necessidade irresistível: ser amadas. O texto é do mais célebre autor contemporâneo grego, Dimitris Dimitriadis, e o resultado é um trabalho magistral que aborda a qualidade implacável da vida e a crueza do amor, pondo em cena reviravoltas, inversões e repetições. “Um dos mais belos espetáculos de Avignon”, escreveu o ano passado o jornal francês Libération sobre o festival onde se apresentou a peça que agora chega à Fundação.
Na Casa-Arquivo, uma construção temporária no Jardim Gulbenkian, haverá um CICLO DE CURTAS E MÉDIAS METRAGENS nos dias 4, 5, 6 e 11 de setembro. “Muxima”, de Alfredo Jaar, ou “Conga Irreversible”, de Los Carpinteros, são alguns dos filmes para ver ao fim da tarde, em sessões de entrada livre. A 9 de setembro, Viriato Soromenho-Marques, Juan Marchena Fernandez e Aurora Carapinha conversam sobrePACHAMAMA, A LEI DA MÃE-TERRA, aprovada a 21 de Junho de 2012 pelo senado boliviano, para promover o desenvolvimento integral em harmonia e equilíbrio com a natureza. A 10 setembro, a Casa-Arquivo vai acolherHANG IN THE GARDEN, um concerto de Hang (handpan), instrumento artesanal que produz o seu som através da própria vibração, com o multi-percussionista português Kabeção Rodrigues.
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