Nos próximos dois meses e meio a programação da Metropolitana revisita três grandes obras de Anton Bruckner (1824-1896). Desde sempre, o nome do compositor austríaco esteve envolvido em disputas estéticas e políticas para as quais não contribuiu directamente, mas que provocaram um impacto tremendamente negativo na recepção que foi sendo feita da sua música ao longo do tempo. Ainda hoje, o reconhecimento que lhe é dedicado fica bastante aquém do que têm merecido nomes como Haydn, Mozart, Beethoven, Brahms ou Mahler. É, no entanto, consensual entre especialistas e melómanos a ideia de que se junta àqueles nomes no topo da lista dos melhores sinfonistas de sempre.
No dia 23 de Novembro, no Centro Cultural de Belém, será interpretada a Sinfonia n.º 4, que foi pela primeira tocada ao vivo, em 1881, em Viena. Chama-se «Romântica» porque se inspira nas paisagens campestres austríacas. São célebres as alusões à atividade da caça feitas no terceiro andamento. Depois, no dia 24 de Janeiro, no Teatro Thalia, os sopros da Orquestra Metropolitana de Lisboa juntam-se ao Coro Sinfónico Lisboa Cantat para recuperar uma Missa escrita em 1866 – vivia então Bruckner como organista na cidade de Linz e, com mais de quarenta anos, ainda não se aventurara na composição de qualquer sinfonia. Surpreende aqui uma sonoridade evocativa da polifonia renascentista. Por último, no primeiro dia de Fevereiro, e de volta ao Centro Cultural de Belém, a oitava, uma grandiosa sinfonia que ficou conhecida por Apocalítica. Esta valeu-lhe o reconhecimento do público de Viena, já em final de vida. O célebre compositor Hugo Wolf descreveu este episódio como uma «vitória da luz sobre as trevas».
A direcção musical destes concertos é confiada a três presenças assíduas na programação da Metropolitana, respectivamente, os maestros Michael Zilm, Reinaldo Guerreiro e Emilio Pomàrico.
Sem comentários:
Enviar um comentário