Três anos depois da chegada da Comissão Europeia, FMI e BCE a Portugal. Três anos depois do início do Programa de Assistência Económica e Financeira. Três anos depois do empréstimo de 78 mil milhões de euros e de sucessivas medidas de austeridade agressivas sobre a vida dos portugueses, o balanço da passagem da Troika é desolador.
A economia portuguesa passou por três anos de recessão e encontra-se aos níveis de 2003. O desemprego atingiu níveis nunca antes vistos, estimando-se que quase um quinto da população ativa não tenha emprego.
Quem mantém o seu posto de trabalho, viu-se sujeito a cortes salariais, aumento de impostos. Pensionistas e grupos sociais mais vulneráveis sofreram vários cortes nos apoios públicos.
Como se justifica que o programa de assistência tenha falhado quase todas as previsões? Que 27 mil milhões de euros de austeridade só tenham reduzido o défice em nove mil milhões? Que o presidente da República preveja que até 2035 Portugal vá ficar sob vigilância apertada? E que os portugueses se sintam cada vez mais encurralados perante uma austeridade que se vai perpetuar e empurrou por ano mais de 100 mil pessoas para fora do País à procura de melhor vida?
Rui Peres Jorge, jornalista de economia que acompanhou de perto o programa de assistência no nosso país, analisa de forma clara e objectiva 10 erros cometidos pela troika em Portugal.
Fraco conhecimento da realidade económica portuguesa e da verdadeira extensão da crise a nível europeu condicionaram à partida as regras de um programa que se revelou desajustado, aplicando medidas de contracção similares para todos os países resgatados.
O tratamento privilegiado das instituições financeiras, a reforma do mercado de trabalho, que deu primazia à redução de salários em vez de promover soluções estruturais. Um desafio permanente aos limites constitucionais.
E a chegada tardia e tímida de políticas virtuosas, como o combate a lucros excessivos de grandes empresas. Estes são alguns dos erros abordados nesta obra essencial para refletir sobre o Portugal que a Troika nos deixa e pensar em soluções para o futuro.
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