sábado, 12 de abril de 2014

DO FONÓGRAFO AO MP3


A 18 de Agosto de 1877, o inventor americano Thomas Alva Edison consegue gravar e reproduzir os sons gravados e fez a primeira experiência com o célebre poema “Mary has a little lamb”. Chamou ao seu invento o fonógrafo e após algumas polémicas com o autor do invento é Edison quem o patenteia. O fonógrafo era constituído por um cilindro giratório revestido de uma folha de estanho e este cilindro por sua vez accionado manualmente por uma manivela de progressão axial por sistema de parafuso, havendo uma separação do estilete de gravação do da reprodução.  

Após vários aperfeiçoamentos este novo aparelho é melhorado e começa a ser comercializado utilizando para melhor qualidade do som cilindros de cera mineral, o ozocerito e o estilete de aço por um de safira em forma de goiva. 

                                      Thomas Alva Edison e o seu fonógrafo patenteado (colec. do autor)


 





Modelo de fonógrafo comercial e cilindro de cera marca Edison (colec. do autor)




Enquanto se grava sons em cilindros, em 1888 o inventor Emile Berliner muda a forma dos cilindros para discos planos de 17 cm de diâmetro que giravam a 70 rotações por minuto e duravam cerca de 2 minutos, estes discos de goma - laca passam a ser comercializados a partir de 1892, discos estes de uma só face. Com eles surgem também o gramofone a corda. Não se sabe ao certo qual o primeiro disco a ser gravado em Portugal, porém a maioria dos entendidos defende que terá sido realizado em 1903 por um inglês, Edward Moll, que gravou no Quartel dos Marinheiros em Alcântara, algumas interpretações da Banda dos Marinheiros da Armada Real, gravação essa levada depois para Hamburgo onde terá sido feito um disco de uma só face com a etiqueta da Gramophone, conhecida em Portugal por “Cara de anjo”, por no lado não gravado do disco surgir impresso um anjo reclinado. A partir de 1907 a Columbia Gramophone apresentou pela primeira vez um disco de dupla face. Com este avanço técnico surgem também os designados gramofones que utilizam estes discos.









Disco de uma só face da etiqueta Gramophone ou “Cara de Anjo”, frente gravada e verso (colec. do autor)

Os discos de 50 e 60 cm de diâmetro, com cerca de 15 min. são comuns na década de 1910. Em 1925 a velocidade dos discos passa de 80 para 78 rotações por minuto. Os gramofones estariam em moda até meados dos finais do anos 20, altura em que aparecem os primeiros gira-discos eléctricos, já em meados dos anos 30. Em 1933 é desenvolvida a gravação em estéreo fonia pela firma EMI gravando discos em 78 rotações. Após a II Guerra Mundial o uso do vinil vem sobrepor-se a goma-laca, permitindo este novo material que o sulco dos discos fossem mais estreitos podendo assim reduzir a velocidade e aumentar a duração, permitindo tocarem cerca de 23 min. de ambos os lados a 33 1/3rpm. Este novo disco é designado LP Long Play e é introduzido pela etiqueta Columbia. Até 1946 os discos que se comercializavam em Portugal eram todos de importação com excepção dos que eram gravados directamente nas estações de rádio, sobretudo na Emissora Nacional, apenas para difusão radiofónica. A partir de 1947 surge em Portugal a primeira fábrica de discos no Porto, a Fábrica Portuguesa de Discos, que prensava apenas os discos, utilizando matrizes que eram fabricadas no estrangeiro, feitas a partir de fitas magnéticas gravadas em Portugal nos estúdios de radiodifusão. Só a partir de 1957 se começaram a produzir em Portugal as matrizes de cobre que permitiam a duplicação das gravações. O panorama musical muda em meados de 1958 com a introdução dos discos de 45 rotações por minuto estereofónicos, as firmas Decca e Pye são as primeiras a introduzir este tipo de disco no mercado, 25 anos depois dos primeiros discos estéreo de 78 rotações por minuto da EMI.
  Gira discos de meados dos anos 80 com disco de 45 rpm (colec. do autor)



Discos de vinil de 45 e 33 rpm (colec. do autor)

A partir de 1934 é produzida na Alemanha a primeira fita de gravação magnética pela firma BASF, para uma maquina da AEG Telefunken. Tratava-se de uma fita de plástico revestido num dos lados com um pó de oxido de ferro, permitindo uma diminuição do peso, o aumento de fidelidade, a duração da gravação e a manipulação das gravações. Os estúdios gravavam em bobines de fita magnética em mono que depois passavam para as matrizes para a prensagem dos discos. Este sistema de gravação passa a ser usado também pelo público com aparelhos domésticos e semi-profissionais comercializados a partir dos anos 50. Nos anos 60, a empresa holandesa PHILIPS introduziu no mercado a cassete, uma pequena caixa que continha os carretos e a fita magnética, transformando a gravação doméstica e a profissional também dos 30 anos seguintes.
Gravador doméstico de fita magnética dos anos 50, colec. do autor










Cassete áudio de meados anos 90 (colec. do autor)



Em meados da década de 70 a Sony e a PHILIPS aliaram-se para desenvolver um disco digital de apenas 11,5 cm de diâmetro e com a duração de uma hora de um só lado. A partir de 1983 começou a ser comercializado este suporte digital com o nome Compat Disc ou simplesmente CD. Este suporte seria anunciado como o “som superior eterno”, pois o disco não sofria desgaste, não era tocado por nenhuma agulha como o vinil e por ser digital era de superior qualidade. Dez anos depois o CD ainda não se tinha conseguido impor a qualidade de som, era inferior ao disco de vinil, havia o problema do manuseamento, era preciso ter cuidado para não riscar a face gravada etc. O CD acabou por se impor não pela sua qualidade mas simplesmente por ser mais barato o seu fabrico do que os discos de vinil.
 






 
Compact Disc Digital Audio e leitor gravador (colec. do autor)


Em simultâneo a empresa nipónica SONY, apresenta em finais da década de 80 o DAT, Didgital Audio Tape, uma cassete totalmente diferente e de qualidade de som superior ao CD, mas devido ao seu preço e à falta de cassetes DAT pré-gravadas, apenas teve sucesso nos meios profissionais.







Gravador/ leitor e cassetes de áudio sistema DAT (colec. do autor)
 

Em 1993 a SONY apresenta um novo suporte digital com uma qualidade próxima da de um CD, o Mini-Disc. Este suporte apresentou-se como uma alternativa viável à cassete analógica, que nos anos 90 ainda era mais popular, acesso directo às faixas, regravável um milhão de vezes, sem perdas de qualidade, digital, etc; até porque o CD gravável não estava ainda ao alcance de todos, só gravavam uma vez e eram caros, assim como os seus equipamentos. Mais tarde já em meados da década de 90 a marca PHILIPS começa a comercializar gravadores de CD domésticos, fazendo concorrência aos MD. Em 1996 aparece um novo suporte de gravação de vídeo que traz a novidade do som surround. O DVD Digital Versatil Disc, foi a tecnologia que mais rapidamente teve sucesso junto dos consumidores, enquanto o CD demorou cerca de quinze anos para se impor, o DVD apenas precisou de três.
 






 Leitor/ gravador de Mini Disc (foto Sony)

Enquanto que neste começo de século os sistemas de alta definição tentam ganhar posição no mercado, não estando ainda decidido quem ira suceder ao CD e DVD, formatos baseados em computador, sem partes móveis, fortemente comprimidos como o mp3 ou wuma, ganham terreno, principalmente nos consumidores mais jovens e a internet proporcionou isso mesmo. O cartão smartmedia, um dos muitos formatos em que é possível gravar música em mp3, wav, ou outro formato com compressão estão a ganhar terreno e qualidade.






Mini leitor de mp3 e cartão de memória 4 GB (foto da Apple)










Texto: 
Paulo J. A. Nogueira












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