Onde é que você estava no 25 de Abril de 1974?
As respostas podem ser varias, muitos dos leitores ainda não teriam nascido, mas naquela manhã do dia 25 de Abril de 1974 muitos levantaram-se e dirigiram-se para os seus empregos como habitualmente o faziam, outros para as escolas ou universidades, outros ficaram em casa etc, etc, como se se trata-se de um dia qualquer, no entanto tudo iria mudar e não seria mais um dia como outro qualquer…
Foi a 40 anos.
Na madrugada do dia 25 de Abril de 1974 após ter sido ouvido na Rádio Renascença o tema de José Afonso, “Grândola, Vila Morena” e logo após a anunciar no Rádio Clube Português:
“Aqui posto de comando do Movimento das Forças Armadas…” muita gente sabia ou tinha percebido que algo de diferente estaria para acontecer e nesse mesmo dia foram para as ruas comemorar com cravos encarnados, cravos estes que segundo a lenda, uma mulher, Celeste Caeiro, terá oferecido aos militares nas ruas de Lisboa e que passariam a simbolizar esse dia da liberdade.
Mas este golpe de estado andava a ser pensado e organizado desde a algum tempo e no dia 24 de Abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instala secretamente o posto de comando do movimento golpista no quartel da Pontinha, em Lisboa, denominado Movimento das Forças Armadas, MFA. Por volta das 22h 55min. é transmitida pelos Emissores Associados de Lisboa, a canção de Paulo do Carvalho vencedora desse ano do Festival RTP da Canção, “E depois do Adeus” como um primeiro sinal combinado pelos golpistas, para a tomada da primeira posição do golpe de estado. O segundo sinal é dado às 0h 20min. quando é a Rádio Renascença transmite a canção “Grândola, Vila Morena” de José Afonso, que confirma o golpe e marca o início das operações. As 4h 26 min. é lido o primeiro comunicado do MFA, pela voz de Joaquim furtado aos microfones do Rádio Clube Português, seguido do hino nacional e várias marchas militares entre elas a marcha “ A life on the Ocean Waves” de Henry Russel e adotada como o hino do MFA.
O golpe militar do dia 25 de Abril tem a colaboração de vários regimentos militares que desenvolvem uma ação concentrada em diversas cidades tomando várias instituições do estado por todo o norte do pais como o Quartel General da Região Militar Norte no Porto, o aeroporto de Pedras Rubras e as instalações da RTP Porto.
À Escola Prática de Cavalaria que parte de Santarém, cabe um dos papeis mais importantes, a ocupação do Terreiro do Paço em Lisboa com carros blindados, estas forças serão comandadas pelo então Capitão Salgueiro Maia as primeiras horas da manhã e ocupam os ministérios ali instalados, seguindo mais tarde com as suas forças para o quartel do Carmo onde se encontra o chefe do governo Marcelo Caetano, que ao final do dia se rende, exigindo que o poder seja entregue ao General António de Spínola, que não fazia parte do MFA, para que “o poder não caísse na rua”, segundo este afirmou. Marcelo Caetano parte para a Madeira e depois ruma ao exílio no Brasil.
Ao longo deste dia os revoltosos foram tomando outros objetivos militares e civis, o aeroporto de Lisboa, estações de rádio e a RTP, tendo havido algumas situações tensas entre as forças fieis ao antigo regime e as tropas golpistas, mas sem confrontos armados nas ruas da capital. No entanto e no rescaldo dos confrontos deste dia, morrem quatro pessoas, quando elementos da polícia politica disparam sobre manifestantes à porta das suas instalações na Rua António Maria Cardoso em Lisboa, considerando-se portanto o dia 25 de Abril de 1974, ter sido um golpe relativamente pacifico.
Uma ditadura que já batera recordes de longevidade é derrubada em menos de 24 horas assim como as suas instituições de repressão e a guerra colonial que se arrastava a quase mais de uma década como uma causa perdida. Este dia da liberdade ficará para sempre na história como o dia em que Portugal deu os seus primeiros passos em direção à democracia.
Que os objetivos e direitos conseguidos nesse dia de Abril nunca se percam.
Queremos comemorar estes 40 anos do 25 de Abril de 1974 e de todos quantos nele estiveram envolvidos, militares e civis, através de algumas imagens e vídeo memória desse dia que foi diferente…
Tropas rendidas por Salgueiro Maia junto a Praça do Comércio
Carro blindado “chaimite” na Praça do Comércio no dia 25 de Abril de 1974
Capitão Salgueiro Maia
Capitão Salgueiro Maia com tropas frente a entrada do quartel do Carmo em Lisboa
Brigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho durante o comando das operações na rua
Militares com cravos encarnados
Criança ostentando cartaz do MFA
Ilustração alusiva ao dia 25 de Abril de 1974 da resvista Gaiola Aberta
Jornal A Capital do dia 25 de Abril de 1974
Cartaz alusivo ao 25 de Abril de 1974
Texto e vídeo:
Paulo J. A. Nogueira
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