Este espetáculo intenso combina um desempenho ao vivo muito físico com testemunhos gravados de antigos alunos de instituições católicas, dando uma nova voz teatral a histórias recentemente reveladas de abuso infantil na Irlanda. Sete artistas mascarados, cuja coreografia trabalha com elementos da dança moderna, colocam em palco a questão da culpa.
The Blue Boy teve início em 2008, quando a companhia teatral Brokentalkers começou a analisar o sistema de educação e assistência criado na Irlanda no início do século XIX. Inicialmente centrado nas instituições de beneficência geridas por ordens religiosas com o apoio do Estado, o projeto alargou-se quando Gary Keegan e Feidlim Cannon se começaram a interrogar por que razão este sistema durou mais do que necessário.
O espetáculo não é uma tentativa de construir um memorial, erguer uma estátua, cuidar da relva e seguir em frente. A ideia não era a de ficcionar um relatório. Ironicamente, pretendeu-se evitar o drama. E a intenção dos encenadores também não foi a de nos “deixar de rastos”. O objetivo é que as pessoas saiam da sala interrogando-se por que razão ainda é aceitável que se sintam como se sentem.
Ao longo dos últimos dez anos, sob a direção artística de Feidlim Cannon e Gary Keegan, os Brokentalkers, originários de Dublin, criaram a reputação de serem uma das companhias de teatro mais inovadoras e originais da Irlanda, através dum trabalho formalmente ambicioso que desafia categorias. Os seus espetáculos surgem em resposta ao mundo contemporâneo do qual fazem parte e recorrem a elementos como escrita original, dança, textos clássicos, filmes, entrevistas, materiais encontrados e música, como forma de representar esse mesmo mundo.
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