As Mulheres e a Guerra Colonial de Sofia Branco é um livro sobre um dos mais importantes acontecimentos século XX português. 49 mulheres revelam ao longo de treze capítulos, tantos quantos os anos da guerra, como, entre 1961 e 1974, todo o país foi à guerra e como, depois disso, nada foi como dantes.
Estas mulheres foram a retaguarda dos homens na frente de batalha, arriscaram, protegeram-lhes a retaguarda, contestaram a guerra, rezaram e fizeram promessas por eles, escreveram-lhes centenas de aerogramas, adiaram o amor, tornaram-se madrinhas de guerra de homens que não conheciam, muitas foram com eles para África, onde chegaram mesmo a morrer por eles, organizaram-se para lhes aliviar a saudade, apoiavam as suas famílias, trataram deles quando voltaram, mutilados e traumatizados, e habituaram-se a amar homens diferentes daqueles com quem haviam casado.
A guerra não foi só dos homens, foi também delas que ainda hoje vivem e convivem com homens que, por vezes, têm muita dificuldade em falar sobre o que se passou na guerra.
Rezaram e fizeram promessas por eles. Escreveram-lhes centenas de aerogramas, adiando o amor, às vezes sem volta. Tornaram-se madrinhas de guerra de homens que nem sequer conheciam. Foram com eles para o território desconhecido de África, que amaram ou odiaram, ou resignaram-se a esperar por eles, com filhos nos braços. Voaram para os resgatar do mato, onde chegaram mesmo a morrer por eles, e organizaram-se, com maior ou menor cunho ideológico, para lhes aliviar a saudade, enquanto apoiavam as suas famílias. Arriscaram por eles, protegendo-lhes a retaguarda, contestando a guerra, desertando sem saberem quando voltariam ao seu país, mergulhando na clandestinidade e aderindo à luta armada, sujeitas às sevícias da polícia política e perdendo a juventude nas masmorras da prisão. Trataram deles quando voltaram, mutilados e traumatizados, e habituaram-se a amar homens diferentes daqueles com quem haviam casado. Cada uma à sua maneira, as protagonistas deste livro foram pioneiras, desbravando caminhos outrora vedados às mulheres. Mães, irmãs, filhas, amantes, companheiras, amigas, muitas mulheres viveram a guerra colonial como se também elas tivessem sido mobilizadas. Depois da guerra, também para elas nada foi como dantes.
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